Veja as estratégias que compõe essa vertente focada no meio jurídico
Antes de entender o que é Legal Design, é importante compreender algo que está acima dele, o Design Thinking. Esse conceito é focado na personalização do atendimento ao consumidor, buscando aumentar a relação humana entre todas as partes envolvidas em uma negociação. Além disso, não se trata apenas de estética. O propósito dessa técnica é aperfeiçoar o funcionamento corporativo a partir de pontos de vista críticos e criativos.
Isso é feito através de uma construção coletiva de ideias, visando democratizar soluções para problemas cotidianos relacionados aos consumidores de determinadas companhias. Para isso, algumas características são essenciais:
- Ser analista;
- Ser criativo;
- Ser disposto;
- Ser empático;
Nesse sentido, o Legal Design vem como uma vertente especializada na área jurídica. Ao trabalhar os atributos citados acima, o profissional ou empresa tende a se aproximar de seus clientes e oferecer uma assistência singular para cada pessoa.
Como implementar?
O Legal Design pode ser inserido no cotidiano corporativo através de diversas mudanças simples. Ao participar do Aurum Summit em 2019, evento dedicado à inovação no mercado de advocacia do Brasil, Larissa Wermann explicou a utilização desse método na prática. A professora do The Legal Hub e conselheira geral da ThoughtWorks contou sobre os primeiros passos que precisam ser seguidos.
Segundo ela: “É preciso criar pontos de conexão com as pessoas através da empatia, colaboração, transparência e diversidade”. Com isso, resultados positivos passam a aparecer através do engajamento, por exemplo. Por meio da compreensão dos problemas externos, profissionais da área jurídica podem realizar um trabalho ainda mais exclusivo.
Outro ponto citado por Larissa Wermann foi a identificação das dificuldades dos clientes em entender os materiais processuais em que estavam participando. Uma saída moderna para corrigir esse tipo de adversidade é a adesão da Linguagem Simples, tema que recebeu um artigo próprio no nosso portal.
Para contextualizar brevemente, sem substituir a leitura principal, esse recurso pretende facilitar a comunicação através da simplificação da linguagem, como o nome sugere. Para isso, palavras simples, frases curtas e imagens podem auxiliar no entendimento de qualquer tipo de texto, inclusive jurídicos.
Ilustrando através do campo governamental, é possível encontrar figuras públicas que são frequentemente contestadas por não adotarem um modelo comunicativo parecido com o Legal Design – ou, ao menos, focado na Linguagem Simples. O advogado e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), por exemplo, é a personalidade mais simbólica disso. Tentando ganhar cada vez mais força no cenário nacional, o político é constantemente criticado por utilizar um linguajar complexo e repleto de termos técnicos em suas campanhas.
Por isso, no caso do direito, essas mudanças também devem ser exercidas através da elaboração, em conjunto, de novos produtos e serviços. De forma plural, é preciso saber ouvir e aproveitar as melhores qualidades de cada funcionário para que esses novos projetos fluam com o apoio de cada envolvido. Nesse sentido, as chances de sucesso se tornarão ainda maiores.
Os cinco primeiros passos
Na mesma palestra ao Aurum Summit 2019, Larissa Wermann apresentou uma orientação concisa sobre os primeiros passos a serem seguidos para a implementação prática do Legal Design. São eles:
- A descoberta
Identificar um problema é o movimento mais importante para trabalhar em uma correção. No caso do Design Thinking, muitas vezes estudos são feitos visando encontrar essa falha antes que ela apareça causando qualquer estrago. Para isso, assim como no Legal Design, é preciso discutir em grupo sobre quais defeitos tem mais potencial crescimento de crescimento na empresa para que, assim, uma solução comece a ser procurada.
- A interpretação
Visando tornar o processo de resolução mais objetivo, o obstáculo deve ser posto dentro de uma forma para que possa ser analisado friamente. Entender exatamente o que precisa ser anulado é tão necessário quanto simplesmente saber o que causa esse contratempo.
- A ideação
Conforme define o dicionário Aurélio, ideação é a “formação de ideia; ato de idear; concepção”. Nesse sentido, é perceptível que nesse momento se inicia a parte criativa do processo. Pensar diferente para inovar e sair das zonas de conforto são fatores preponderantes para implementar o Legal Design da forma correta.
- A experimentação
Seguindo quase a linha de um estudo científico, agora seria o momento para colocar em prática todas as soluções elaboradas no passo anterior. Porém, antes de arriscar, se faz necessária a construção de um protótipo. A partir disso, seguindo os mais promissores, a implementação deve começar. Por mais que o plano seja ser objetivo, testar novos conceitos pode, não só identificar erros, como também soluções para outros problemas.
- A evolução
Talvez essa seja a etapa mais emocional entre todas as outras, mas se faz tão fundamental quanto todas elas. A evolução se trata de um exercício de resiliência, um aperfeiçoamento contínuo empresarial ou pessoal. Para isso, receber feedbacks de clientes e funcionários se faz muito importante para o progresso coletivo.
Visual simples
Criar uma identidade visual confortável para a maior parte do público alvo traz inúmeras contribuições para qualquer corporação. Isso pode ser feito de diversas formas, desde a preparação de textos leves até a produção de gráficos claros. Apesar disso, não se trata apenas do conteúdo explícito. A advogada Lilian Coelho, coordenadora do núcleo de Legal Design e Visual Law do escritório Faria, Cendão & Maia (FCMLAW) apontou ao portal Fenalaw Digital algumas das vantagens desse ponto.
Ela disse: “A infinidade de recursos visuais disponíveis, quando bem utilizados, podem transformar uma mensagem jurídica em um texto claro e compreensível para qualquer pessoa. E não me refiro apenas a imagens, gráficos, QRCodes, mas também à leveza do próprio texto, à melhora no espaçamento, ao uso de termos e expressões claras, a acessibilidade de adaptar uma leitura com fontes maiores ou quem sabe até a transcrição de um contrato em áudio para quem não sabe ler”.
Apesar disso, softwares jurídicos não são descartáveis e devem complementar todo esse plano de ação. Juntos, todos esses fatores contribuem para o aumento da confiabilidade e do bem-estar do cliente, principalmente entre leigos. Dessa forma, o conhecimento se democratiza cada vez mais e a atuação em conjunto se trona ainda mais funcional.
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