O ano de 2015 foi tão intenso que ainda não foi possível entender todos os seus efeitos práticos no início de 2016! Muita coisa aconteceu, mas nem os “imprevistos” ocorreram como planejado no Brasil e no mundo.

De certezas, sabemos que o dólar subiu ainda mais, que Eduardo Cunha não caiu, que o Ministro da Fazenda Levy pediu demissão para assumir uma posição no Banco Mundial, que a Presidente Dilma não deve sofrer (ao menos por enquanto) um impeachment, que a taxa de desemprego é recorde e que a necessidade de arrecadação do Governo deve gerar mais inflação e tentativas de arreação, provavelmente por meio de aumento de impostos.

A alta do dólar encareceu produtos e alimentos no Brasil, mas também deu um fôlego para alguns segmentos ao reativar algumas Fusões e Aquisições que estavam paradas, muito embora não existam muitos estrangeiros dispostos a investir no Brasil considerando as incertezas quanto ao retorno financeiro e instabilidade política atual.

Tivemos (e ainda temos) o escândalo da Petrobrás e ações de acionistas em Nova York que culpam a empresa pela corrupção do Brasil e pedem indenização. Enquanto isso, o Preço do barril do petróleo, recurso escasso e finito, atingiu o seu menor patamar em anos, derrubando parte das bolsas no mundo, mas a conta no País ainda deve encarecer, junto com a água e energia elétrica (esta última, surpreendentemente sofreu uma pequena redução no início do ano), para recompor o caixa das estatais.

No cenário macroeconômico internacional, temos a constatação de que o Brasil é um país corrupto e as esferas de poder estão vinculadas aos interesses financeiros de quem comanda o País.

No mundo, os atentados terroristas e migração em massa de refugiados sírios para a Europa também são fonte de preocupação para as áreas de segurança, saúde pública e trabalho no Velho Continente. E, também, para o mundo, que ainda não sabe como aqueles países vão lidar com o aumento populacional e com os possíveis impactos econômicos e sociais e que este novo contingente de pessoas deve trazer.

Os Estados Unidos fizeram o mundo aderir às suas regras mais rígidas para controlar a lavagem de dinheiro. Até famosos paraísos fiscais resolveram aderir a pactos internacionais para maior fiscalização bancárioa. E parte destas políticas também interfere na vigilância dos bancos brasileiros, com a aplicação da nova ferramenta chamada e-Financeira.

Não bastasse tudo isso, internamente enfrentamos as consequências de um governo fraco, sem apoio no Congresso para aprovar medidas que julga serem importantes para a retomada da economia e que age em descompasso com as promessas e medidas anteriores.

Além dos problemas com as pedaladas fiscais e estagnação da economia, diversas leis de incentivo ou investimentos em infraestrutura foram revogadas, alteradas ou modificadas para aumento do superávit primário, com penalização da população, ao invés de medidas que pudessem reduzir os gastos públicos.

Durante o ano de 2015, o Governo sinalizou para o cancelamento de benefícios fiscais, não correção de índices, aumento de impostos, criação de novas políticas econômicas para aumentar a arrecadação, como a volta da CPMF, o aumento do Imposto de Transmissão de Bens (ITCMD), aumento do Imposto de Renda, possível tributação sobre a distribuição de lucros e outras medidas que afetaram a confiança dos eleitores e das empresas.

No mundo jurídico, tivemos questões emblemáticas como a apuração de crimes de corrupção, demonstrados nas operações Lava-Jato e Zelotes, que envolveram (até o momento) partidos, políticos e empresários de renome no cenário nacional, além de um posicionamento forte e rápido do judiciário no escândalo ambiental envolvendo a queda da Barragem de Mariana – maior desastre ecológico brasileiro causado pelo homem que já se teve notícia. Nos demais casos, o entendimento do judiciário tem sido tímido ou controverso – como sempre.

Neste contexto as empresas e os empresários tenderão a proteger seus principais ativos, para que possam persistir durante o período de crise e estar preparados para contingências futuras, como a mudança repentina de regras, bem como para a retomada do crescimento no momento correto.

A descrença no Brasil atual não poderia ser melhor resumida para o empresariado como no texto abaixo:

“O Brasil é o País do Futuro. É o que pensava, há 75 anos, o escritor austríaco Stefan Zwieg, ainda hoje usado para definir nosso País. Àquela época, éramos pouco mais de 40 milhões de brasileiros, com 70% vivendo em áreas rurais e extremamente jovens. A expectativa de vida era de 45,5 anos. De lá para cá, inúmeras mudanças construíram um novo Brasil. Somos 205 milhões de habitantes, dos quais 69% têm entre 15 e 64 anos. Nossa expectativa de vida é de 79,9 anos, 84% do total dos brasileiros moram em áreas urbanas e 91% estão alfabetizados. ” Revista Conexão Sebrae/SP, Ano VIII – n. 51 – Novembro-Dezembro de 2015.

Embora esta não seja a primeira crise que vivemos em nossa história, é emblemático ver a inflação voltar a passar de 10% e haver retração na economia, enquanto países vizinhos mostram desempenho melhor. Angustia perceber que todo o avanço que tivemos em décadas está comprometido pelas indefinições do governo.

O cenário parece catastrófico, mas é nas crises, também, que surgem oportunidades de negócio e crescimento.

Enfim, terminado 2015 e agora, passado o Carnaval, 2016 e começou! E junto com ele chegou a hora pôr em prática o planejamento (ou, para quem não o fez, de fazê-lo) e de profissionalizar todos os investimentos e riscos empresarias do ano que se inicia.

Que comecemos o ano sabendo onde alocar nossos recursos!

Por Bruno Saruê e Adriano Mendes.